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29 de agosto de 2012

cão e gato se entendem


Quando se fala em animais de estimação, cachorros e gatos são as opções mais lembradas. Para tomar a decisão certa, não basta escolher o mais bonitinho. Conforme o temperamento e as expectativas de cada dono, um ou o outro será mais adequado. Cachorros são carinhosos: fazem festa quando você chega, cobram atenção, querem estar sempre junto, têm prazer em participar da sua vida. Por isso, acabam sendo ótimas companhias para pessoas solitárias, carentes ou simplesmente cheias de amor para dar.

Os felinos, por sua vez, são desapegados, práticos e individualistas. Um gato chega junto, marca presença ou pede colo se e quando quiser. Quando não está a fim, ou quando não está precisando de nada, sai à francesa, vai pro canto dele e nem confiança para o dono. Às vezes, aparece só para comer e em seguida some novamente. Independente por natureza, adapta-se bem àquele perfil de dono que passa o dia fora, não tem saco ou disponibilidade para viver grudado e não poderia bancar umpet que fizesse chantagem emocional diária, a cada nova separação.

Essa mesma dicotomia, eu projeto nas minhas amizades. Costumo dizer que existem amigos-cão e amigos-gato. Os amigos-cão são aqueles com quem você fala o tempo todo; vocês se telefonam e se veem a qualquer hora, mesmo sem ter um grande motivo para isso - o desejo de estar junto e dividir as bobagens do dia-a-dia já é suficiente. São pessoas que estão sempre por dentro da sua vida, porque os caminhos andam juntos naturalmente (ainda que com eventuais desencontros ao longo do tempo). Com eles, você sabe que pode contar sempre, nos bons e maus momentos, sem pudores, frescuras ou cerimônias. São grandescompanheiros e os abraços e carinhos só não são mais especiais porque acontecem sempre e a todo momento.

Já os amigos-gato dão as caras apenas quando querem. Vocês se encontram, conversam, se divertem e é ótimo. Depois, eles podem desaparecer por semanas ou até meses, e nem mesmo uma ligação ou e-mail seus podem abreviar o sumiço: eles não vão retornar seu contato, e só voltarão a procurar você dentro do timing muito peculiar deles. Por isso, se a questão for urgente, não peça socorro para eles - você corre um sério risco de ficar na mão. Isso não quer dizer, porém, que eles não se importem ou não gostem de você. Ou que as atenções deles sejam insinceras e movidas por interesse. Como os felinos, eles prezam demais a própria liberdade, o direito de ir e vir como bem entenderem, e não toleram pegação no pé.

Se o segredo da boa convivência passa pela aceitação das diferenças do outro, entender a natureza dos seus amigos é fundamental para evitar desgastes. A combinação mais delicada e sujeita a instabilidades climáticas é aquela em que alguém com perfil de cachorro se relaciona com um amigo-gato. O temperamento afetuoso e, em certa medida, emocionalmente dependente do sujeito acaba exigindo da amizade uma presença e um nível de troca que o amigo-gato não está disposto a dar, porque não é do seu feitio, é contra a sua natureza.

Antes de onerar a relação com cobranças que só farão entornar o caldo, convém fazer um esforço extra para enxergar o outro como é, resistir ao impulso de moldá-lo aos nossos valores e compreender que certos gestos e atenções devem ser espontâneos. Nem todo mundo é capaz de preencher todas as nossas necessidades; para algumas delas, é melhor poupar frustrações e contar logo com um amigo-cachorro. Uma atitude muito mais sábia do que passar dias e noites a fio tentando ensinar um gato a sentar e dar a pata.

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